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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

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domingo, 10 de janeiro de 2010

Spider


Olá! mais um filme interessante para se pensar, eu fiz uma pesquisa sobre ele, vale a pena.
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Sinopse: Spider (Ralph Fiennes) é um sujeito estranho e solitário. Após um longo período de internação em um hospital psiquiátrico, ele regressa às ruas do East End de Londres, lugar onde cresceu. As imagens, os sons e os odores dessas ruas começam a despertar lembranças de sua infância que há muito haviam sido esquecidas. No coração das memórias de Spider encontra-se o grande trauma da perda de sua mãe. Ele acredita que seu pai, o encanador Bill Cleg (Gabriel Byrne), matou a esposa para que uma prostituta tomasse seu lugar e fosse morar em sua casa. (extraído do site adorocinema.com.br)
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Spider: Um mergulho na psicose
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O filme Spider se inicia com a cena em uma estação de trem em que aparecem diversas pessoas vestidas com roupas atuais descendo do trem e andando apressadamente pela estação, nesse momento surge o protagonista: Spider, ele ao contrário dos outros personagens dessa cena, ele se veste com uma roupa atípica para a época, ou seja, mantendo uma aparência antiga e com um aspecto sujo. Nesse momento é apresentada uma caracterização do protagonista a partir da relação do psicótico com o mundo. Podemos supor que isso tenha relação com o que afirma Coutinho em que o psicótico apresenta maneirismos e estereotipias e isso se firma tanto em relação ao modo do personagem se vestir como a sua gestualidade e também a partir de uma “descontextualização” dele em relação ao ambiente em volta. Outra cena que também pode explicitar o que foi mencionado anteriormente é a cena em que o Spider abre a sua mala, e ela é apresentada toda bagunçada e despedaçada, o que revela uma grande confusão, uma falta de organização. Podemos pensar que a mala representa a sua própria fragmentação egóica, narcísica e corpórea, como descrito por Coutinho. Nas cenas seguintes temos exemplos de Spider no lugar de objeto do Outro. Uma dessas cenas é quando ele chega ao asilo e é recepcionado pela Sra. Cleg, que apresenta o ambiente e se coloca em lugar materno, em que cuida dele como, por exemplo, na cena em que ela quer dar banho nele, no entanto ele se recusa. Quando ele se vê nessa posição de objeto, pode ocorrer o que Quinet (2006) afirma, ou seja, o retorno do foracluído, podendo se utilizar dos mecanismos de narcisismo e dos fenômenos imaginários reaparecendo e surgindo no exterior o que estão interno, como vozes, pensamentos e sensações que parecem vir de fora.
Nas próximas cenas o protagonista começa a ser afetado por lembranças infantis, isso é explicitado na cena em que ele começa a ter alucinações olfativas, sentindo cheiro de gás. Quinet (2006) afirma que a resposta do psicótico em momentos de grande sofrimento e angustia é o surto, dessa maneira, Spider pode estar entrando em contato com as lembranças infantis rememoradas a partir dessa posição de objeto com a Sra. Cleg, ou mesmo ele pode estar se deparando com uma situação em que ele se sinta no momento da castração (Quinet, 2006). Isso faz com que ele comece a ter delírios e alucinações a fim de criar uma realidade para colocar nesse lugar. Essas memórias são insuportáveis, e ele a partir disso começa a alucinar, colocando no exterior na forma de alucinação aquilo que ele não pode agüentar.
A partir desse momento, o filme começa a ter um movimento no sentido de uma construção delirante de Spider, em que lembranças infantis e elementos delirantes e alucinatórios passam a se misturar, e não se sabe o que é real, e o que é delírio. No entanto, nesta análise iremos partir de um pressuposto que todas as cenas sendo elas delírios ou lembranças são importantes para a investigação da psicose, já que tanto para nossa análise quanto para o andamento do filme passa a ser indiferente e se trata de um delírio ou uma lembrança.
Agora descreverei uma cena que o Spider se depara com o momento da castração em o pai dele sai para passear com a mãe e o Spider observa os dois se beijando, e ele se mostra nervoso ao observar aquele momento. Podemos supor que a partir daí, o protagonista não suporta e foraclui criando assim uma construção delirante, sendo que esse delírio acaba por sustentar essa relação dual que é uma marca da psicose, em que há um furo na realidade e o psicótico se conforta a partir do delírio. Em relação ao corpo, podemos entender a partir da afirmação de Goidanich em que parece ser justamente nessa paradoxal relação de alienação no outro e separação que incide uma das problemáticas da estruturação das psicoses. Ou seja, a possibilidade de jogar com a imagem da integração corporal, para a qual é preciso ocorrer a simbolização de um significante paterno que viabilize o processo de separação do outro, é que não ocorre nos casos de estruturações psicóticas.
De acordo com Ribeiro (2006) “no lugar do recalque o psicótico recusa a lei da separação, mas ao mesmo tempo desinveste primariamente sua libido nos objetos. Numa tentativa secundaria de recuperação do objeto (...)” (p. 65). O que Spider faz é criar um delírio em que o pai passa a ter uma amante que é uma prostituta. Podemos supor que ele coloca esse delírio no lugar da realidade para tentar recuperar o objeto, sendo este a mãe, ou seja, ele delira que o pai não gosta realmente dessa mãe, o que faz com que ela se volte novamente para o filho.
O pai é aquele que surge como um opositor a relação dual que se estabelecia entre o Spider e a mãe. Assim ele passa a ser aquele que no delírio do Spider é colocado em um lugar de traidor, já que trai a mulher e conseqüentemente a mata, ou seja, o pai mata a mulher e coloca a amante dentro de casa, e isso ocorre porque esse pai real evidencia o buraco no registro simbólico do Spider Dessa maneira, o delírio do Spider passa a se completar já que ele pode afirmar que não é mãe que não o ama, mas sim ela está morta, voltando a restabelecer essa relação com o objeto, recuperando-o no seu delírio, e ele volta a suprir essa falta do significante primordial.
Agora eu destacarei cenas do filme em que a questão do corpo fica mais evidenciada. Partindo da afirmação de Goidanich (2003) em que “É a impossibilidade de apropriar-se de um corpo com suas marcas singulares, a impossibilidade de percebê-lo como formando certa unificação, que está exacerbada na psicose.” (p. 68). Isso é apresentado na cena em que o Spider está almoçando juntamente no albergue, e é possível observar o Sr. Cleg vestido com cerca de quatro camisas, uma em cima da outra, e quando a Sra Wilkinson pergunta por que de tantas camisas, o colega dele responde que “a roupa faz o homem, quanto menos homem mais roupa se precisa” (sic). Podemos supor que essas camisas estariam dando contorno a esse corpo que precisa ser integrado.
A partir da cena descrita acima, podemos pensar que essa sensação que o Spider sente em relação ao seu corpo, ou seja, que precisa ser agregado anuncia a forma como o psicótico reconhece o seu corpo, assim como descreve Goidanich em que nas psicoses, por outro lado, e especialmente nas montagens esquizofrênicas, mesmo uma primordial busca especular de integração fracassa. O outro não devolve uma imagem integradora e o que se passa é que o sujeito permanece totalmente alienado, absorvido como uma parte deste. Pode-se dizer que as esquizofrenias constituem, assim, o mais vivo exemplo do corpo despedaçado. Outro momento marcante que aponta essa relação com o corpo é quando ele está em seu quarto e está começa a alucinar sentindo um cheiro forte de gás, e começa a tirar roupa e enrolar jornal e plástico no seu corpo. Talvez essa sensação de perda da delimitação do corpo a partir de algo que é ameaçador tem necessidade de ganhar os limites corporais que não são uniformes.
Para Concluir, podemos afirmar que no sujeito esquizofrênico o corpo é algo muitas vezes alheio a ele mesmo, sendo que este só toma conta deste corpo quando ele está em surto. Já que esse corpo alheio passa a lhe acometer sensações de despedaçamento, ou mesmo de perda de limites corporais, como podemos observar no filme, quando Spider se reveste de jornal a fim de dar limites a esse corpo, que até então estava alheio, em que ele necessitava utilizar diversas camisas para dar contorno.
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Referencial
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COUTINHO, Alberto Henrique Soares de Azeredo. Schreber e as psicoses na psiquiatria e na psicanálise: uma breve leitura. Reverso. [online]. set. 2005, vol.27, no.52, p.51-61.
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QUINET, Antonio. Teoria e clinica da psicose. Editora Forense 2006.
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RIBEIRO, Mariana Mollica da Costa. O Riso Na Clinica Das Psicoses. Rio de Janeiro: 7 letras, 2006.
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GOIDANICH, Márcia. Configurações do corpo nas psicoses. Psicologia & Sociedade; 15 (2): 65-73;jul./dez.2003.
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Ass: Paulatictic

A Garota Ideal


Oie! Eu assisti esse filme por que tinha ouvido falar dele e achei que tinha uma história interessante, dito e feito, e aqui vai uma simples analise.
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Filme: A garota ideal
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Sinopse: Lars Lindstrom (Ryan Gosling) é um homem tímido e introvertido, que vive na garagem de seu irmão mais velho, Gus (Paul Schneider), e sua cunhada Karin (Emily Mortimer). Lars apenas acompanha o desenrolar de sua vida, sem se mexer para algo. Até que um dia ele encontra Bianca, uma missionária religiosa, através da internet. O problema é que para as pessoas Bianca não é alguém real, mas a réplica de uma mulher, feita de silicone. Só que Lars acredita piamente que ela é um ser humano, o que faz com que se torne seu apoio emocional. Preocupados, Gus e Karin decidem procurar o conselho de uma psicóloga, que recomenda que concordem com Lars enquanto ele lida com seus problemas pessoais. (Extraído do site adorocinema.com.br)
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A Garota ideal ou a mãe suficientemente boa?
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No filme Lars parece que tem um momento de regressão, isso pode ser devido a sua cunhada Karin estar grávida, remetendo a ele a sua própria infância, quando a sua mãe falece no seu parto. Isso faz com que ele crie um delírio para pode lidar com essa situação, o delírio de que Bianca, que é uma boneca inflável é sua namorada real. Provavelmente a angústia de passar por esse momento da gestação é tão forte para ele, que acaba por ter um movimento regressivo, e tudo aquilo que suportava, ele passa a não suportar mais.
Winnicott descreve dois tipos de regressão, um como ponto de fracasso e outro como ponto para o sucesso, fracasso e sucesso no que diz respeito ao desenvolvimento e o ambiente. A psicóloga no filme se utiliza dessa regressão para conseguir trabalhar esse momento regressivo que fez com que retornasse a um ponto especifico em que tinha outra forma de funcionar.
Uma caracteristica importante e possível de se perceber é que Bianca parece ter para Lars não uma relação de homem e mulher, mas sim de mãe e filho.
Partindo de Winnicott podemos supor que Lars segue com Bianca os estágios que a mãe tem com o bebê. No início da relação dos dois se entende como uma dependência absoluta que Winnicott descreve como sendo a condição inicial em que a criança não sabe que está separada da mãe, ou seja, ela nem sabe que existe, e a criança tem uma sensação intensa de onipotência. Dessa maneira Lars no momento inicial tem Bianca como porto seguro a única que o entende, a única que ele pode confiar, conversar, tocar nele.
Esse é outro ponto importante do filme, quando Lars conta para a psicóloga que ninguém pode tocá-lo, já que o toque para ele dói, isso pode ser entendido pelo fato da sua mãe ter falecido quando ele nasceu e que seu pai sempre foi muito distante e dessa maneira, Lars não teve o Holding descrito por Winnicott. Segundo Winnicott o Holding tem a função de suporte, é quando a mãe pega a criança no colo, deixando a criança segura, dando uma sensação de amparo, que não é somente ligada a sensação física, mas também ao sentimento de segurança, sentimento esse que parecia desconhecido para Lars. No filme tanto a psicóloga quanto Bianca exercem essa função de Holding para ele, por que ambas o dão segurança.
No decorrer do filme Lars parece passar para a dependência relativa em que a criança passa a ser consciente da sujeição, da separação do eu/outro (interno e externo) e passa assim a tolerar as falhas do ambiente, e tem a necessidade de unificar a mãe, e quando ele unifica a mãe, pode ver a mãe como alguém que pode falhar, mas também pode reparar, ou seja, repor.
No filme Bianca passa a ser aceita por toda a comunidade, tem emprego, tarefas diárias, tendo uma agenda própria, ela passa a ser do mundo e não mais somente do Lars, tendo então esse corte com a relação mãe/bebê, Lars sente isso e passa a brigar com Bianca querendo sua atenção, remetendo ao desejo de ser único e não querendo quebrar essa relação.
Mas Lars consegue chegar ao que Winnicott chama de dependência absoluta, já que consegue lidar com essa separação e isso fica evidente em uma cena do filme, em que Lars pergunta ao seu irmão, como saber que se tornou adulto, nesse momento Lars pode entender que ele pode entrar em contato com o mundo sem ter medo de se ferir ou de ferir alguém. Dessa maneira consegue se despedir de Bianca, passando pelo luto, a perda de Bianca que pode representar a perda da sua mãe, colabora com sua melhora, conseguindo finalmente elaborar a sua própria dor e entrando novamente em contato com o mundo.
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ASS: Paulatictic

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A individuação na natureza selvagem


Oi! Tive que fazer a analise desse filme para uma disciplina da faculdade, mas eu gostei muito do filme, é tão intenso. Lá vai a primeira analise.

Filme: Na natureza Selvagem

Sinopse: Início da década de 90. Christopher McCandless (Emile Hirsch) é um jovem recém-formado, que decide viajar sem rumo pelos Estados Unidos em busca da liberdade. Durante sua jornada pela Dakota do Sul, Arizona e Califórnia ele conhece pessoas que mudam sua vida, assim como sua presença também modifica as delas. Até que, após 2 anos na estrada, Christopher decide fazer a maior das viagens e partir rumo ao Alasca. (extraido do site adorocinema)

Individuação na natureza selvagem

A individuação está associada a uma crise, podemos dizer que já no inicio do filme Christopher aparece como um rapaz que está passando por uma crise, ou seja, ele é um rapaz que até o momento inicial do filme é um “bom homem”, é um bom estudante, bom filho. Só que no decorrer do filme percebemos que a sua relação com a família o incomodava, principalmente (pelo que aparece no filme) as constantes brigas dos pais.
Nesse contexto o protagonista parece “fugir” de tudo, talvez isso seja uma forma que ele encontrou de tentar se colocar no mundo a partir do que lhe particulariza, tentando se desvincular dessa figura de “bom homem” que poderíamos dizer que era uma persona que ele utilizava para poder se mostrar no exterior.
A partir do que afirma Jung (2001) sobre a individuação em que ela “significa tornar-se um ser único, na medida em que por “individualidade” entendermos nossa singularidade mais intima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si-mesmo” (p. 266). A partir disso, podemos pensar que Christopher se confrontou com o maior entrave para a individuação que é a persona, já que esta ajuda na formação do ego, e é um revestimento do ego, dando identidade para esse, além também de falsear a personalidade encobrindo traços mais pessoais, ou seja, o protagonista estava até então identificado com essa máscara social, que não deixava nada sua sombra aparecer. Podemos pensar na sombra a partir dos símbolos oníricos que nos remetem ao conceito como medo, inveja, raiva, ciúmes, vergonha e alguns conteúdos que nos levam à ambientes sombrios, porém é necessário que se tenha esse embate de complexos contraditórios.
Levando em consideração os conceitos acima, podemos supor que o Christopher a partir do momento que decide sair de casa e largar tudo, passa a iniciar o seu processo de individuação, já que esta é a diferenciação da personalidade, a diferenciação da persona em relação à sombra. Pois de acordo com Jung (2001) “a meta da individuação não é outra senão a de despojar o si-mesmo dos invólucros falsos da persona, assim como do poder sugestivo das imagens primordiais (p. 269).
Num primeiro momento Christopher se afasta do mundo, em um movimento narcísico, porém necessário nesse processo, porque até então ele estava totalmente massificado, não conseguindo se colocar como sujeito no mundo, então ele decide se afastar do mundo do qual ele vivia, já que quanto mais se é dependente do mundo externo mais a individuação é prejudicada. Portanto o protagonista doa o seu dinheiro, abandona o seu carro, e passa a ser um “mochileiro”.
Quando ele faz esse esforço que é algo seu, individual, que ninguém mais poderia fazer por ele, no entanto isso ocorreu a partir de uma relação com uma crise com o outro. Porém a individuação é um esforço antinatural, em que o protagonista teve que fazer um grande esforço, para tentar se diferenciar, já que não parecia ser muito fácil, pois a todo momento ele se deparava com pessoas que tentavam colocar ele em determinado lugar que não era o que ele estava buscando.
Para que ocorra essa diferenciação é necessário partir da heterogeneidade que já traz uma idéia de contraposição. O ego precisa o tempo todo estar se diferenciando desses heterônimos, por isso é algo consciente que se contrapõe com o inconsciente, daí que vem a idéia de conflito e crise, porque é preciso extrair aquilo que é mais particular e individual, é preciso tirar o ego dessas misturas. No caso do filme, Christopher teve que se retirar dessa mistura na qual ele se encontrava em relação com a família, podendo tentar fazer uma diferenciação EU-TU.
No decorrer do filme o protagonista encontra com diferentes personagens que na maioria das vezes tentam o colocar em um certo “lugar”, a partir do desejo deles, e isso é exatamente do que o Christopher está tentando se distanciar, desse desejo do outro que é apontando para ele, no entanto, Christopher consegue não se identificar com esse local, mostrando que ele está conseguindo fazer essa diferenciação do que é dele e do que é do outro. Isso tem ligação direta com a individuação, já que esta se liga a autonomia, colocando o individuo no mundo de forma mais particular a partir da sua subjetividade.
Em outro momento do filme, Christopher finalmente chega ao Alasca, local esse que era o planejado desde o inicio da sua viagem, esse seria um momento em que ele estaria sozinho, sem contato com o mundo. Talvez nesse período específico da sua trajetória tenha sido um momento em que ele finalmente pode ter um contato com a sombra, pois no filme são apresentadas diversas cenas em que ele visualiza a sua infância e da relação que ele mantinha com seus pais, e isso aparentava surgir um grande desconforto nele, porém esse encontro com a sombra é muito necessário nesse processo de individuação como afirma Hart (2002):
(...) à medida que o trabalho prossegue, elementos da sombra reprimidos ou renegados tendem a vir á tona cada vez mais – como que encorajados pela atitude consciente crescente de aceitação e honestidade. E, além disso, há o fato fundamental de que a psique busca integridade: o insconsciente está continuamente trabalhando para encontrar admissão e assimilação na vida consciente. (p.104)

Também podemos pensar que esse momento em que ele se encontra sozinho, sem a presença de ninguém a não ser os seus próprios complexos, nesse contexto ele estaria em um momento quase que “divino” já que a sua vontade tem que se submeter ao si-mesmo, como afirma Jung (2002):
Naturalmente, individuação é em última análise um processo religioso que exige uma atitude religiosa correspondente – a vontade do eu de submeter-se à vontade de Deus. Para não provocar mal-entendidos digo si-mesmo em vez de Deus. Empiricamente também é mais exato. A psicologia analítica ajuda-nos a conhecer as potencialidades religiosas (p. 432).

No final do filme o protagonista decide voltar para a família, ou seja, voltar para o mundo, e talvez assim continuar o seu processo de individuação, já que esse processo não exclui o mundo e sim se junta a este, dessa maneira Christopher pode realizar um grande passo, que partiu de um momento de diferenciação e narcisismo. Esse último processo foi necessário já que ele se voltou para si mesmo, tendo esse contato com esses complexos contraditórios, como sombra e persona.
No entanto, no final do filme não se pode saber se realmente esse processo se tornaria genuíno, pois ele não conseguiu voltar para poder sustentar essa tensão com esse outro. Além de que para que a individuação torne-se genuína, o individuo tem que individuar na relação com o mundo (de forma menos massificada), e esse modo de individuar nunca acaba. E somente esse processo de se voltar para si mesmo não é a individuação como afirma Jung (2003) “Também é óbvio que toda introspecção naquilo que chamo de sombra é um passo no caminho da individuação, sem que se deva chamar isso de processo de individuação” (p. 179).
Portanto para que esse processo pudesse continuar, já que ele é continuo, deveria haver finalmente essa derrota para o ego do narcisismo (do pronto, estereotipado) para suportar os conflitos, tendo assim uma abertura para o outro (no mundo). No entanto este último não pode acontecer na vida do Christopher, mas em contrapartida ele teve em contato com esse processo sofrido e estressante que é o processo de individuação, que resulta em um novo nascimento.

Referencias bibliográficas

Hart, David L. A escola Junguiana clássica. In: Manual de Cambridge para estudos Junguianos. Young-Eisendrath, Polly; Dawson, Terence. (org). Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.

JUNG, C. G. Cartas II. Petrópolis: Vozes, 2002.

JUNG, C. G. Cartas III. Petrópolis: Vozes, 2003

Ass: Paulatictic

Olá!

Esse é o mais novo blog entre tantos outros, só que este especificamente tenta apresentar alguns filmes sobre um novo olhar, ou sobre um olhar antigo, porém, que muitas vezes não expressados.

Por isso eu agradeço a visita e deixo um alerta:

Muitas pessoas podem não concordar com as visões, teorias, análises e formas de ver os filmes que serão aqui colocados, mas lembre-se que é apenas uma entre as várias formas e maneiras diferentes de assistir um filme...e também por isso que podem ter análises distintas do mesmo filme para que assim as diferentes formas sejam apresentadas...


Um bom proveito,

Paulatictic