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domingo, 10 de janeiro de 2010

A Garota Ideal


Oie! Eu assisti esse filme por que tinha ouvido falar dele e achei que tinha uma história interessante, dito e feito, e aqui vai uma simples analise.
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Filme: A garota ideal
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Sinopse: Lars Lindstrom (Ryan Gosling) é um homem tímido e introvertido, que vive na garagem de seu irmão mais velho, Gus (Paul Schneider), e sua cunhada Karin (Emily Mortimer). Lars apenas acompanha o desenrolar de sua vida, sem se mexer para algo. Até que um dia ele encontra Bianca, uma missionária religiosa, através da internet. O problema é que para as pessoas Bianca não é alguém real, mas a réplica de uma mulher, feita de silicone. Só que Lars acredita piamente que ela é um ser humano, o que faz com que se torne seu apoio emocional. Preocupados, Gus e Karin decidem procurar o conselho de uma psicóloga, que recomenda que concordem com Lars enquanto ele lida com seus problemas pessoais. (Extraído do site adorocinema.com.br)
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A Garota ideal ou a mãe suficientemente boa?
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No filme Lars parece que tem um momento de regressão, isso pode ser devido a sua cunhada Karin estar grávida, remetendo a ele a sua própria infância, quando a sua mãe falece no seu parto. Isso faz com que ele crie um delírio para pode lidar com essa situação, o delírio de que Bianca, que é uma boneca inflável é sua namorada real. Provavelmente a angústia de passar por esse momento da gestação é tão forte para ele, que acaba por ter um movimento regressivo, e tudo aquilo que suportava, ele passa a não suportar mais.
Winnicott descreve dois tipos de regressão, um como ponto de fracasso e outro como ponto para o sucesso, fracasso e sucesso no que diz respeito ao desenvolvimento e o ambiente. A psicóloga no filme se utiliza dessa regressão para conseguir trabalhar esse momento regressivo que fez com que retornasse a um ponto especifico em que tinha outra forma de funcionar.
Uma caracteristica importante e possível de se perceber é que Bianca parece ter para Lars não uma relação de homem e mulher, mas sim de mãe e filho.
Partindo de Winnicott podemos supor que Lars segue com Bianca os estágios que a mãe tem com o bebê. No início da relação dos dois se entende como uma dependência absoluta que Winnicott descreve como sendo a condição inicial em que a criança não sabe que está separada da mãe, ou seja, ela nem sabe que existe, e a criança tem uma sensação intensa de onipotência. Dessa maneira Lars no momento inicial tem Bianca como porto seguro a única que o entende, a única que ele pode confiar, conversar, tocar nele.
Esse é outro ponto importante do filme, quando Lars conta para a psicóloga que ninguém pode tocá-lo, já que o toque para ele dói, isso pode ser entendido pelo fato da sua mãe ter falecido quando ele nasceu e que seu pai sempre foi muito distante e dessa maneira, Lars não teve o Holding descrito por Winnicott. Segundo Winnicott o Holding tem a função de suporte, é quando a mãe pega a criança no colo, deixando a criança segura, dando uma sensação de amparo, que não é somente ligada a sensação física, mas também ao sentimento de segurança, sentimento esse que parecia desconhecido para Lars. No filme tanto a psicóloga quanto Bianca exercem essa função de Holding para ele, por que ambas o dão segurança.
No decorrer do filme Lars parece passar para a dependência relativa em que a criança passa a ser consciente da sujeição, da separação do eu/outro (interno e externo) e passa assim a tolerar as falhas do ambiente, e tem a necessidade de unificar a mãe, e quando ele unifica a mãe, pode ver a mãe como alguém que pode falhar, mas também pode reparar, ou seja, repor.
No filme Bianca passa a ser aceita por toda a comunidade, tem emprego, tarefas diárias, tendo uma agenda própria, ela passa a ser do mundo e não mais somente do Lars, tendo então esse corte com a relação mãe/bebê, Lars sente isso e passa a brigar com Bianca querendo sua atenção, remetendo ao desejo de ser único e não querendo quebrar essa relação.
Mas Lars consegue chegar ao que Winnicott chama de dependência absoluta, já que consegue lidar com essa separação e isso fica evidente em uma cena do filme, em que Lars pergunta ao seu irmão, como saber que se tornou adulto, nesse momento Lars pode entender que ele pode entrar em contato com o mundo sem ter medo de se ferir ou de ferir alguém. Dessa maneira consegue se despedir de Bianca, passando pelo luto, a perda de Bianca que pode representar a perda da sua mãe, colabora com sua melhora, conseguindo finalmente elaborar a sua própria dor e entrando novamente em contato com o mundo.
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ASS: Paulatictic

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